data: 12, 13, 14 e 15 de Outubro de 2006.
locais:
- Mercado da Ribeira - Centro Luiz Freire
- Casa do Turista / Olinda - Pernambuco
submidialogia
Há alguns anos, os elementos (idéias, concepções, práticas,
pessoas) que compõem a hoje difundida Cultura Livre, foram apropriados
tanto pelo burocrata quanto pelo capitalista. Os que antes fizeram uso
das tecnologias e meios disponíveis para criação de ações que
proporcionassem o debate sobre novas perspectivas de arranjos sociais
possíveis (conseguidas por ferramentas como licenças livres, redes de
comunicação, softwares de código aberto), hoje são digeridos pelos
velhos aparatos e mecanismos sociais que uma vez utilizavam e
questionavam, participando, muitas vezes inconscientemente, apenas de
um "treinamento sócio-profissional" para que venham a ocupar as mesmas
funções estabelecidas pelos até então mantenedores de um sistema que
está distante do que imaginamos como um agrupamento humano possível,
muito menos livre.
Além disso essa “classe do novo” apresenta-se com dificuldades para
difundir práticas e idéias quandoeste trabalho se distancia de
elementos urbanos, tecnológicos, contemporâneos e de concepção
metropolitana, deixando uma lacuna na possibilidade e uma
superficialidade na potencialidade transformadora dos meios
disponíveis. Este fato liquidifica a força das idéias, fazendo-as
servis também àqueles que elas combatem. As dinâmicas se tornam mais
banais, fáceis de serem absorvidas pela escravidão do trabalho e da
racionalidade.
Não são as técnicas que submetem a produção à lógica utilitarista,
burocrática ou excludente, mas a falta da concepção transgressora das
ações no processo de produção. O questionamento pouco se aprofunda no
âmbito do mundo do trabalho – como crítica a essência da exploração no
processo de produção. O desenvolvimento técnico não livra; pelo
contrário, intensifica a dependência e a submissão de homens e mulheres
a uma lógica que deveria liquidar. A tecnologia não retoma o debate ao
direito à preguiça. Não aponta claramente a contradição no mundo da
produção... mas sim, coloca a magia do utilitarismo em um patamar de
santidade elevada, de ciência pura, e faz da fantasia do capitalismo seu
brado de contestação.
A crítica a sociedade do trabalho requer aprender a ser
rápido, afiar e direcionar críticas e ações; ser mutante no sentido de
fugir das regulações das quais o capitalismo é mestre em fazer. O poder
é diferente da força. E quando coletivizado e distribuido perde a
característica de (o)pressão e torna-se direção de vontades múltiplas.
Surgindo daí a crítica transformadora e a ação das idéias.
A crítica a sociedade do trabalho requer aprender a ser rápido,
afiar e direcionar críticas e ações; ser mutante no sentido de fugir
das regulações das quais o capitalismo é mestre em fazer. O poder é
diferente da força. E quando coletivizado e distribuído perde a
característica de (o)pressão e torna-se direção de vontades múltiplas.
Surgindo daí a crítica transformadora e a ação das idéias.
Desta forma, muitos dos formatos pregados e utilizados pelos
citados propriadores tecnológicos e de meios - os submidiáticos -
estão hoje em plena utilização.
Pelo menos aos números: 3.000 pontos de presença de inclusão
digital, 600 pontos de produção de cultura, 200 grupos independentes de
produção de mídia, 3.000 pessoas compareceram. Aonde mesmo? Esta súbita
apropriação pelas esferas governamentais, artísticas, acadêmicas e
institucionais (associações, instituições de ensino, oscips etc)
procuram, mais uma vez, desarticular as idéias e práticas que
possibilitaram a autonomia de todos os submidiáticos.
O capitalismo, ágil e poderoso, atua como remodelador de críticas
e práticas fazendo de práticas de oposição maneiras de renascimento e
ressurreição. Pensar que o que está em crise é antes o capitalismo do
que a crítica a ele, pode levar-nos a incursão em erro recorrente,
dando ainda mais elementos para sua sobrevida. As críticas de 68 se
transformaram em manuais de empresas, as saias indianas se
transformaram em fetiche de passarela, o software livre se transforma
em mais valia para empresas de tecnologia.
Políticas públicas pensadas para a produção do conhecimento
coletivo, acesso à informação, distribuição dos meios de produção e
desmarginalização de excluídos sociais desvirtuaram de seus programas
ministeriais e, certamente, muito mais da metade de todos os pontos de
produção, acesso, construção coletiva de saberes e sociabilidade
cultural estão longe de funcionarem como reais locais de troca,
aprendizado e discussão. Instituições sociais, na grande maioria,
descobrem palavras-chaves nos discursos, desconstroem-nas de seus
significantes e a re-utilizam como conteúdos de projetos mirabolantes e
slogans de material promocional. Instituições artísticas buscam saídas
para o descaso dos cidadãos e cidadãs comuns para com a cultura da
elite - cada vez menor - com a adaptação de arte popular, arte do povo.
Ou com a construção de pequenos espetáculos tecnocientificos onde tudo
é atração e fetiche: transistores, lentes, monitores, cabelos, luzes.
É necessário pensar contra os slogans e fetiches rapidamente
consumíveis e entender como os conceitos devem suplantá-los. A
utilização do slogan é parte do processo de desinteligência da parte
das instituições e seus braços e pessoas. E torna-se parte do discurso
vazio e receptivo. Cultura livre, conhecimento aberto se tornam
propaganda em centros de compra. A descrição e os efeitos apagam a
compreensão e a crítica.
Mais uma vez, práticas culturais com gosto de subversão
esparramam-se na ilha do dr. moreau, e, como no livro, são caçadas com
redes de arrastão e dominadas até o seu condicionamento. e por que não
dizer, estimação. Para depois tornar-se o cão de guarda. A cultura do
oprimido, oprimindo. Não foi assim com o samba? os modernistas? a
tropicália? O que uma vez foi uma insurreição de ações e ideais para a
realização coletiva podem tornar-se ferramentas de acessos individuais
a patamares da já putrefe a hierarquia social para inovar - e
juvenescer - a sua manutenção.
Desta forma, perguntamos: como movimentar-se? quais as idéias e
práticas para a manutenção de uma construção colaborativa de
conhecimento e participação social cada vez maior? Como planejar
futuras ações? E, principalmente, como continuar a memetização da
cultura da colaboração além dos cifrões, sem a patifaria da propaganda
governamental e institucional? Você conhece o seu inimigo?
Para debater essas e outras questões, Submidialogia#2, um
laboratório para a prática radical de construção de ambientes
colaborativos na cidade do Recife. Palestras, laboratórios de produção,
transmissão de rádio fm, televisão e Internet e a o delicioso bate-papo
com cachaça entre tod@s submidiátic@s.
a idéia
+trazer diferentes experiências - teóricas e práticas - para contatarem-se;
+jogar, de um novo ponto de vista,
articulações entre teoria e
prática nos meios tecnológicos;
+incentivar teoria sobre as prá¡ticas para que estas não anulem-se tornando-se utilitarismo;
+incentivar práticas sobre teoria, aplicando
experiências em prol de uma (sub)
concepção do aparato
tecnológico midiático;
+criar um espaço tempo de subversão das prá¡ticas e teorias sobre tecnologia.
Enfim, qual a IDÉIA que se têm sobre
atuação nos meios mecânicos /
eletrônicos / digitais brasileiros e internacionais?
"o que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas"
A primeira conferência Submidialogia, que aconteceu em Campinas – SP, em outubro de 2005, foi oriunda de uma
cooperação entre Índia, Holanda e diversos grupos
do Brasil, juntando projetos independentes, do terceiro setor,
governamentais, artísticos e experimentais a uma rede
internacional de colaboradores, buscando sobretudo trazer essas
diferentes experiências para reconhecerem-se. Este ano, torna-se
um festival aberto, com palestras, laboratórios de
produção, transmissão de rádio fm,
televisão e Internet e o delicioso bate-papo com cachaça
entre tod@s submidiatic@s.
Submidialogia vai agregar conversas, produção e
aprendizado colaborativo, assim como música, rádio livre,
vj e mídia independente. Estes são alguns dos gostinhos
típicos que poderão ser apreciados - sem
moderação - durante a segunda edição da
conferência. Outra característica deste festival é
investigar e instigar as possibilidades sociais, culturais e políticas da
mídia digital, além de fomentar o diálogo
(in)existente entre teoria - o âmbito das idéias, e a
pratica - o âmbito das ações.
Tanto tema quanto formato ainda estão em construção, mas pairam
na
convergência entre cultura, comunicação,
resistência, re-significação, re-imagética, mídia,
tecnologia, arte e
táticas. Na página de construção, e pela lista de discussão
vocês poderão tomar parte e contribuir. @s convidamos para
ajudar a organizar essa subversão e assim compartilharmos
nossas idéias em diferentes contextos e tempos visando
perspectivas futuras, troca de experiências, conceitos,
produção crítica e, principalmente,
diversão!
Não se acanhem em encaminhar este convite para outr@s
possíveis interessad@s.